Tuesday, April 22, 2008

Tempesta(r)de

A chuva já parou lá fora. Mas aqui dentro tá tudo banhado de angústia e uma euforia sem sentido (ou então com sentido desconhecido). Quando comecei a tracejar esses segmentos que traduzem o meu desespero, parece que senti um alento (puts, alento pode significar [no pl. ] orifícios nas ventas dos cavalos. Por que tudo me leva aos cavalos? Liberdade?! Submissão? Cara de forte, e olhos tristes?!), como se Deus colocasse um sol nessa chuva, para que surgisse um arco-íris. É tudo inútil! Eu nunca quis ser poeta(tisa). Eu SINTO, mas ao tentar expressar, escolho as palavras! Escolho a dramatização. Escolho a enfatização (como está sendo feito). Escolho um modo de ficar "por cima" na história, como o perdedor conformado pela derrota, porque coloca a dificuldade, a injustiça, o "azar" como intransponíveis. E ficar jogado, quieto, num canto escuro, é poético. PORRA! Poeta é perdedor? Não, não. Não sempre.
Às vezes temo que pela minha vulnerabilidade, consigam fazer mal a mim. Eu falo, como, sorrio... Quando o que quero é ficar só, vazia, morta. Não quero me tranqüilizar com a idéia de que a minha alma está inundada porque estou pressentindo uma tragédia. O céu negro me apresenta os bichinhos rodopiantes. E ah! Eu sou tão pequena... O mundo é lindo. Há tantos rios, matas, florestas, estrelas, nuvens, miragens; e os problemas nos condenam à cegueira espiritual. Eu ainda me sinto vez por outra como a criança que não adentrou a pelagem do coelho... De dentro da cartola, vejo a cidade como se fosse O Paraíso... Ainda me encanto... Por poucos segundos.
Não sei mais me apaixonar pelas pessoas. Elas não entendem das coisas. Trazem sempre a dor. Trocam sinais de calor para não serem abandonadas.
Onde mora o perigo? Onde está o castigo dessas almas auto-destruídas?
Se tudo que fosse falso se desfizesse, a minha mão ao apertar outra com fraternidade vivaria pó, meu sorriso se estilhaçaria feito vidro atingido por pedra. E eu seria careca.
Parece uma grande piada.
Tenho medo de que eu realmente tenha motivos para um dia sofrer com algo grave... Uma doença, um acidente. Não sei brincar com fogo. Não quero brincar. Tenho medo de me queimar. Mas o meu maior medo é de não ser ninguém, além de um número nas estatísticas. E infelizmente, é o que sou.
Não preciso de escândalos.
Não sou um mártir.
Não tenho um feriado dedicado a mim. (Se bem que um feriadinho cai bem!)
Acho que quero ser medíocre, sim, eu admito. O que tanto repudio, é o que quero.
Não quero tanta emoção.
Quando chega o ponto de ebulição... A água evapora?
E agora?
Nunca fui uma aluna dedicada às ciências... Eu trazia sempre bilhetes de preguiça.
O que quero eu enfim?
Fui convidada para essa vida louca... Ou intimidada? Que viagem ilógica!
E agora que existo, tenho muito MEDO do não-existir.
O Ami não sabe o que é medo... Nem distância... E eu é que finjo viver sem fronteiras!
Pode rir de mim, Ami!
Vamos ver o próximo capítulo.

3 comments:

Wolfgang Pistori said...

pois é, talvez o Deus de que todos falamos está em nos, não na razão, ela não é capaz de dizer tudo.....como explicariamos a razao? ela precisa da verdade, a verdade é Deus?, sei que as unicas provas de que Deus existem estão nos nossos gestos sinceros, nas nossas atitudes justas e capazes de mudar o que nós seriamos se não fossemos um pequeno pedaço da alma que talvez seja eterna, a dor fisica? fique trankila, ela passa , como nos passamos!.....eu acho

RITINHA said...

Você já é alguém... A MINHA RAFA!
Numeros de uma estatistica? Hora ou outra seremos...
Oh meu amor, as vezes penso que você poderia ser tão mais simples, mas daí me lembro que se fosse simples não seria você, é isso que te faz tão especial!
Larga esse medo bobo pra trás, me dê a mão, vamos viver o que vier pela frente, cair nós vamos, é claro, mas estaremos juntas para levantar!
TE AMO!

Wolfgang Pistori said...

não fique com medo pelo que não morre....vc nunca morrerá....só sua matéria.....adoolllo o c e só