Saturday, November 08, 2008

Psicose

- Preciso do Sol, o Sol é lindo, eu quero calor, mas não posso, não posso ver o Sol.
- Que manhã linda! Vem ver o Sol! Não quero, aperto os olhos para escurecer o quarto, não quero esse brilho de luz na janela.
Eu tenho medo.
Os prédios parecem grandes demais, quem os fez assim?
Quanta coisa há escrita, que pensam as pessoas?
Os lixeiros carregam o lixo fedido, enquanto eu durmo e me reviro, para lá e para cá, despertando dos muitos pesadelos próprios dos sábados.
Olho os carros, para onde vão?
Há gente fodendo, há gente catando papelão para comer.
Há gente rezando, há gente matando.
Há gente bebendo, há gente negociando.
Há gente nos hospícios (tem lugar para mais um?), há gente pegando as mina nas baladas.
Há gente correndo, há gente doente nos hospitais.
Eu vejo os pais e as crianças no parque, e imagino todos gelados, estáticos, inexistentes. Era uma vez no parque.
Eu penso em meus olhos cansados, no que é o amor que eu não sei o que é. Eu não amo, ninguém ama.
Eu vejo e temo os caras de terno.
Quantas gotas de suor amargo carregam um rio?
Quanta vida há por aí, e quem vale alguma coisa?
Quanta coisa feia,
Quanta estupidez!
É estranho...
Vem aquela vozinha de novo, a vida é boa, aqueles dentes amarelos tímidos, ela é boa sim, pra quem sabe se enganar.