Friday, August 15, 2008

Egoísmo

Eu perdi a vontade de escrever.
A literatura canaliza meus encantos! Ah, bons encantos.
Mas não sei, acho tudo que nos acontece muito particular; talvez não carregue consigo muito ensinamento ou simples que seja, partícula de entretenimento. Tudo que vivencio, é meu. A empatia existe, somos semelhantes. Mas quem é que se realiza na vitória do outro?
Confesso que me acho egoísta, sempre egoísta. Uma palavra mordaz me fere até os ossos, mas sinto um prazer obscuro quando sei que, por exemplo, alguém sofre por mim.
Mas quem sofre por mim?
Logo eu, tão desinteressante.
Tão lesada.
Tão distante de tudo.
"Tão depressiva", como os idiotas que "não me conhecem" ainda dizem por aí.
Mas não me importo tanto. Encontrei alguém que me preenche. Queria que ele fosse capaz também (mas que abuso!) de enegrecer o passado que ainda me oferece os pesadelos que de tão dolorosos porém belos, são quase sonhos.
Ontem ainda, eu chorei. "Era cedo", deu tempo de entrar na igreja para orar. O padre, que conheci em faces mais vermelhas e sorrisos largos, caminhou sério até a capelinha e conduziu o símbolo sagrado de Jesus pelo vasto espaço da igreja; esperei um sorriso, mas ele levava o Senhor com uma seriedade que declarava respeito. Fui ganhando a parte externa da igreja, seguindo devagar pela praça, chorando por uma alegria que não compreendi.
Na verdade, pensava nas desigualdades, porque via o sofrimento de uma pessoa que caminhava com dificuldade, enquanto minhas pernas faziam um movimento fácil, melhorado pela calça legging. Olhava para o céu e chorava. E conversava, conversava com Deus. E chorava, mas sorria como quem entende algo com emoção. Considerava que o corpo, essa frágil "estrutura" que vai ser consumida por vermes não é nada perto do eterno, da abstração dos céus, do amor que movimenta a vida. Porque desenfreadamente fazemos amor, somos amor, vivemos por amor (mexicano isso, não?).
Sou oceano de mágoas quando lembro daquela paixão que não pôde ser. Ainda dói, dói em cada fio de cabelo, dói em cada unha esmaltada. Dói. Porque não aprendi a aceitar que há alguém além de mim.
Sou quase nada.
E não posso esquecer, sou egoísta.

Sunday, August 10, 2008

Rosa póstuma

Hoje eu só quero rir de toda minha desventura.









Aos meus vovôs, a paz.


Ao papai, que muito ainda nos acontença!


A Rosa aos três homens da minha vida!