E encontrei, em meio ao coração perdido tão boas lembranças...
O tempo que a gente sentava para escrever.
Era tão inspirador.
Sinto muito que nossos rumos tenham se arranhado, se machucado tanto.
Se pudesse, eternizaria o que houve de bonito.
E se tivesse todo o poder, talvez fizesse continuar.
"Não posso dizer
que você me dá palavras
Palavras são frágeis
Débeis, incoerentes
Nem sempre corretamente
Grafadas
Alimentam-se de desespero
De euforia
De necessidade de registrar
E perdem, tristemente
Sozinhas
No vazio de uma página
Todo o sentido de estar
Para quê essas perninhas,
tracinhos de tinta?
São pequenas
Perdem-se
Mesmo que ambiciosas
Rebuscadas
Finas, enfeitadas
Bonito é o que se demora
E não se pode captar
São olhos negros
A me percorrer
São luzes cintilantes
Ainda que pequenas,
dotadas de êxtase
São esses olhos
Ruas-sem-saída
O fundo da caixa
Um escuro que ilumina
As passagens do espírito
São esses olhos
Que namoram os meus
Tão frágeis
Feito palavras
Esquecidos nos seus."
(Olhar, 07/2008, para C.)